O Coro de Câmara Lisboa Cantat vai lançar um novo CD do qual fará parte a minha peça "Mar Português", que utiliza como texto o poema de Fernando Pessoa. Ficam aqui algumas considerações sobre essa composição.

A música para o poema "Mar Português" surgiu de um desafio lançado pelo Maestro Jorge Alves em 2023, que me pediu que escrevesse algo para o Coro de Câmara Lisboa Cantat. Na altura, e durante o processo de escolha do poema a musicar, o de Pessoa não foi a minha primeira opção, tendo mesmo começado a musicar um poema de Miguel Torga. A tarefa, no entanto, não saiu dos primeiros compassos. De facto, aquela primeira frase, icónica, diria, [Ó mar salgado] persistiu no meu imaginário e fui quase obrigado a trilhar os seus caminhos. O processo de composição, depois, decorreu de forma normal: sentado ao piano, fui cantando as melodias principais e secundárias que o texto me sugeria, ao mesmo tempo que procurava as harmonias que normalmente me satisfazem. Apontei para outra frase icónica do poema [Deus ao mar o perigo e o abismo deu] como apogeu de todo o discurso, e finalmente, tentando manter sob controle a utilização do quarteto vocal (já que o recurso aos divisis é, muitas vezes, tentador), fui deixando correr a imaginação até ao acorde final. O resultado? Penso que faz juz ao poema. Mas oiçam, e tirem as vossas próprias conclusões.

Cumprimentos, João


The Lisbon Cantat Chamber Choir will release a new CD which will include my piece "Mar Português", which uses Fernando Pessoa's poem as its text. Here are some considerations about this composition.

The music for the poem "Mar Português" came from a challenge launched by Maestro Jorge Alves in 2023, who asked me to write something for the Lisbon Cantat Chamber Choir. At the time, and during the process of choosing the poem to set to music, Pessoa's was not my first option, having even started to set to music a poem by Miguel Torga. The task, however, did not leave the first bars. In fact, that first iconic phrase, I would say, [O salty sea] persisted in my imagination and I was almost forced to follow its paths. The composition process then proceeded normally: sitting at the piano, I sang the main and secondary melodies that the text suggested to me, at the same time looking for the harmonies that normally satisfy me. I pointed to another iconic phrase from the poem [God to the sea the danger and the abyss gave] as the apogee of the entire speech, and finally, trying to keep under control the use of the vocal quartet (since the use of divisis is often tempting ), I let my imagination run wild until the final chord. The result? I think it does justice to the poem. But listen, and draw your own conclusions.

Best Regards, João

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